sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Você estaria disposto a tentar? Porque eu estou. Você viria se eu pedisse você para vir? Porque eu iria. Não suporto mais caminhar nessa vida sem você.

Santiago de Compostela - Caminho e Preparação

No dia 20 de Setembro de 2021 iniciei o Caminho Português pela Costa em Porto, Portugal, com destino a Santiago de Compostela na Espanha. Organizei um roteiro para fazer em 12 dias, com uma média de 20km dia, mas, conclui o percurso 1 dia antes apertando um pouco mais o passo. Quando decidi fazer o Caminho esse ano, peguei muitas dicas com amigos que já o tinha feito. Dentre elas, o caminhar sozinho e o cuidado com os pés. O meu maior investimento foi no calçado para a realização da caminhada. Comprei uma bota específica para trilhas a prova d’agua e segui rotinas como não tomar banho pela manhã, passar vaselina com o pé bem seco e evitar entrar no mar, por mais que fosse muito tentador. Tive 2 bolhas apenas, essas que apareceram e se curaram nos primeiros dias. Encerrei o caminho com os pés intactos, como se não os tivesse levado a batalha por tantos dias.
Existem vários caminhos a serem percorridos para Santiago de Compostela e, é importante para quem o decida fazer a pé, que percorra pelo menos os últimos 100km saindo de qualquer cidade próximas a Santiago. Com os carimbos adquiridos nos cafés, restaurantes e acomodações, se comprova o percurso realizado e é possível solicitar, ao final, a Compostela: certificado de conclusão do caminho, ótimo para mostrar para São Pedro quando estiver em direção céu (risos).
Eu sempre quis fazer o Caminho Francês, que é o mais tradicional, tem ao todo aproximadamente 800km e demanda, pelo menos, 30 dias de peregrinação. Como hoje moro em Lisboa, Portugal, optei por fazer um dos caminhos portugueses. É possível iniciar o caminho na Sé de Lisboa e cruzar meio Portugal até Santiago, o que se aproxima de 700km, mas, resolvi dar um “segundo tombo” no Santo e começar o caminho no Porto, o que me exigiria "apenas" 300km de caminhada. Já no Porto, é possível realizar o Caminho Central ou o Caminho da Costa. Neste ponto, não tive a menor dúvida e muito recomendo. Caminhar pelo mar por tantos dias foi uma das experiências mais bonitas que já vivi. Mesmo quando me perdi foi como se eu tivesse ficado perdida no paraíso. Tive muitos momentos de reflexão, contemplação e espiritualidade.
Comecei o percurso sozinha e conheci MUITAS pessoas incríveis no caminho. Dividi minha história, ouvi várias outras. A alguns desejei “bom caminho” e segui, com outros criei laços e passamos a caminhar lado a lado até o fim.
SOBRE OS CUSTOS Nos albergues, ainda que públicos, os preços na temporada 2021 variaram de 10 a 20 euros, mas, diria que podemos considerar 15 como média. A alimentação variou muito de cidade para cidade. O Menu Peregrino também foi de 10 a 15 euros dependendo do restaurante e cidade hospedada. Na Espanha a comida é muito barata e foi possível comprar hambúrguer por 1 euro e há pães recheados (uma grande baguete de pão de sal) que eles chamam de bocadilhos, que eu sozinha não conseguia comer uma inteira, por 4 euros. No geral, os albergues têm permitido fazer a reserva, o que aconselho, pois com a pandemia os mesmos estão trabalhando com capacidade reduzida. E, de todos os aplicativos que baixei o único que consegui usar e que se mostrou realmente eficiente foi o Caminho Ninja.
MEU PERCURSO Dia 1: Porto – Póvoa de Varzim (38km) Dia 2: Póvoa de Varzim – Marinhas (27km) Dia 3: Marinhas – Viana do Castelo (25km) Dia 4: Viana do Castelo – Caminha (36km) Dia 5: Caminha – Mougás (26km) Dia 6: Mougás – Vigo (30km) Dia 7: Vigo – Redondela (33km) Dia 8: Redondela – Pontevedra (20km) Dia 9: Pontevedra – Calda de Reis (25km) Dia 10: Calda de Reis – Albergue no meio do nada (29km) Dia 11: Albergue aleatório – Santiago de Compostela (17km). Os números que trago de quilometragem foram os percorridos por mim de albergue a albergue, e considerando os momentos que me perdi. Levei saco de dormir, mas, de forma geral os albergues estão muito bem equipados e higienizados. Aqueles que não tinham o serviço com roupas de camas - cobertas e toalhas -forneceram lençóis e fronhas de TNT descartáveis.
Aconselho quem for fazer o Caminho da Costa se organizar para chegar em Viana do Castelo a tempo de turistar pela cidade que é linda. O Santuário de Santa Luzia é uma visita indispensável. Fica no alto de uma colina de onde se vê toda a cidade, o rio e o mar. Caso não tenha mais perna (risos) há um bondinho que te leva até lá por 3 euros ida e volta. É, também, possível subir até o campanário da igreja por 2 euros - não recomendado para pessoas com vertigem, claustrofobia ou medo de altura (me cag* todinha).
De Caminha para Mougás fizemos a travessia no taxi boat do Senhor José (ele tem carimbo do peregrino). O valor da travessia foi 5 euros e vou deixar aqui o telefone para contato + 351 967094630. Fizemos a travessia as 8 da manhã, horário excelente, haja vista que o ferry (navio responsável pela travessia) só estava com horários disponíveis para a tarde.
Outra recomendação, também, é o albergue de San Xurxo (chegando em Vigo), foi ao pé dele, no bar La Alegria Del Bollo, que encontramos o melhor atendimento de todo o caminho (Grazie Mile, Luis) e os hamburgues de 1 euro (sim! Eu vi, eu tava!). Em Calda de Reis (e aqui essa dica já vale para o caminho da Costa e o Central), você vai conseguir o carimbo mais lindo e original de todo o caminho no Albergue Albor.
No penúltimo dia caminhamos um pouco mais a fim de deixar menos quilômetros para o último dia e chegar em Santigo para a missa. Tem acontecido 2 missas diárias (verifiquem se ainda é assim antes de irem) as 12:00 e as 19:30h, mas, é necessário chegar com 2hs de antecedência para conseguir o seu lugarzinho ao sol. A visitação à igreja é gratuita, mas, não é possível no momento da celebração. Santiago é, sem dúvida, uma cidade que merece pelo menos 2 dias da sua programação para conhecê-la. Dica extra da Tia Marina, não se esqueça de desbloquear seu cartão para viagens internacionais e leve consigo um pouco mais de dinheiro em espécie.
Bom Caminho!

domingo, 31 de janeiro de 2021

O ano é 2021. 31 de Janeiro para ser um pouco mais específica. E eu já quis ser ruiva, tenho 4 tatuagens programadas e pediria um cheeseburger take away de café da manhã. Meus sinais de insanidade: mudança física, mutilação, dor e compulsão alimentar. 

Há 24hs eu saí de um confinamento por suspeita de COVID. Os sintomas? Dor no peito, dificuldade em respirar e um cansaço físico, emocional e mental incalculáveis. O diagnóstico? Crise de pânico depressiva. 

Remédio? Repouso e comida para fortalecer a fraqueza de um corpo sem alma. O resultado? Culpa por não conseguir controlar os sentimentos e a boquinha nervosa. 

Estou cansada! E quem não está  




domingo, 20 de dezembro de 2020

Escrita terapêutica

Quando há dois anos eu decidi deixar um emprego sólido para buscar um sonho, muitos questionaram esta decisão e disseram que eu não podia estar em perfeito juízo. Eu planejava o intercambio há aproximadamente 10 meses, pagava mensalmente as parcelas e comprava coisas pontuais pensando já no frio europeu; me mudei de um apartamento de dois quartos e enormes cômodos para uma kitnet e vendi o carro. 6 meses andando a pé e fazendo do quarda-roupa uma divisão inteligente entre o quarto e a sala. Meu gato se acostumou ao pouco espaço e as telas na janela que coloquei para evitar uma queda-fatal aos poucos foram se tornando minhas próprias amarras e sufoco. 

Não consegui cumprir o planejado. Em um golpe de súplica, senti a covardia tomar conta dos meus atos e cegar meus pensamentos. Impulso catastrófico que alguém dá quando se está no fundo do poço. 

8 Anos de trabalho árduo em uma única empresa. Empresa que me acolheu menina e que me concedeu tantos frutos. Trono de ferro para quem acabou de sair das fraudas e goles de maturidade sendo enfiados goela a baixo junto com ansiolíticos e remédios para induzir ao sono. 

Esses últimos se tornaram meus favoritos. Companheiros de finais de semanas longos que, a solidão, desejam breves. Um sono único era conforto ideal após uma semana inteira de resultados incrivelmente bons, mas, profundamente vazios. Sono profundo e contínuo até a manhã de uma segunda-feira  embebida a cafeína, para bater mais metas e metas outra vez. 

Semanas de glória em meu trabalho perfeito e finais de semana de sono em meu redento perfeito. 

Meses e meses de pequenas automutilações. Até que o reflexo da alma foi visto no espelho. Um lado inteiro imóvel. Uma boca que não mais sorria e um olho que não mais se fechava. Um grito de misericórdia da alma que não mais era respeitada e de um espírito que não mais se reconhecia. 

Reforço para a decisão já tomada. Falsa fortaleza não mais necessária. Lágrimas pingadas doídas de uma mulher que não chora.

...

Faz alguns dias que estou prostrada na cama. Presa do outro lado do mundo por um vírus chinês. Ansiando a normalidade da vida para realizar o que me propus e reinventando um novo jeito de me olhar no espelho. 

Meu país das maravilhas está lá fora, quando deveria estar aqui dentro. Mas, 6 anos de terapia ainda não me fizeram enxergar o contrário. 

Frustração crescente, dor insuportavelmente inexplicável. Inveja delirante de quem por um momento acreditou que tivesse controle sobre a vida. Espera por um milagre divino de quem nega todos dias sua própria responsabilidade.

Angustias me imobilizam feito algemas atadas a cama, e o desejo do meu companheiro em doses homeopáticas só aumentam. Quem dera pudéssemos viver os sonhos ao invés de sonhar e viver... 

Controlo o impulso de não me lançar de volta a superfície, já que aprendi que o fundo do poço é confortável demais quando comparado aos leões e hienas que se ouvem lá em cima. Desta vez não há cordas lançadas, nem plano de redenção ou desculpas convincentes. Denta fez só há a certeza de quem tentou e falhou e a sombra do fracasso que me abraça como quem me consola e gargalha transpassando-me a lança no peito.


Marina 

Dublin, Ireland. 

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Zero grau de temperatura e menos seis de sensação térmica. É impressão minha ou tudo está mais frio desde que você partiu? Deixo a cortina entreaberta, alguns centímetros apenas para que alguma luz entre no quarto ainda amarrotado de uma noite mal dormida. O céu cinza lá fora, presente nas minhas projeções fabulosas da Europa, me permite não mais que uma luz ensossa de pouco brilho. Pouca diferença faz os 10 centímetros que busquei num gesto de ascensão neste nove de dezembro. Tentativa frustrada de iluminar a escuridão que brotou aqui dentro há dois meses. 

 ... 

 Era verão de 2004, poderia ser inverno, eu não me lembro, mas a sua chegada na casa amarela da esquina, na minha rua preferida do universo, encheu meu mundo de luz e calor. Você era o rapaz da moto vermelha, com bota de cowboy amarrada a cadarço que perguntou para a Leni quem era a menina de cabelo castanho ondulado que morava no quarteirão de baixo.

 Recebi este questionamento com inocência de menina moça que ainda se via moleque, mas, com a curiosidade de vênus que já se projetava mulher na iminência dos 15 anos. Te desenhei em cadernos e agendas e fiz da janela da sala lá de casa a minha torre de Rapunzel, de onde via você chegar e sair todos os dias. E de onde faceira crescia, ano após ano, a expectativa de um aceno ou um sorriso torno. Foi da mesma janela que tracei meu plano de ter você.

 Foi de lá que pontuei sua rotina matutina para esquentar a moto antes de abrir o portão e cronometrei os segundos que levaria até eu descer as escadas correndo e me esbarrar despretensiosamente com você pela vida.

 No início, você era meu motivo para despertar mais cedo, ou para sair mais tarde. Meu motivo para ir embora para a casa sorrindo - enrolar passarinhos antes de abrir o portão. No início eram só sustos, coração palpitante por objetivo alcançado, mas, com o tempo passamos a ser o bom dia um do outro, sorrisos, um tique nervoso de conversa séria, caronas, mesmo que o destino não fosse o mesmo, ciúmes, convites para um vinho, apertos de mão, abraços e beijos.

 Sempre achei que esta lista aumentaria até planos, casamento e filhos. Mesmo quando você aparecia com outra namorada loira de olhos azuis. Compraríamos o lote na frente da casa dos seus pais e você me resgataria de volta para o mundo onde fui tão feliz e tudo era possível. Mas, nunca nos permitimos ser um do outro. Talvez seu encanto por mim tenha se perdido depois de tantos “não posso”; ainda que eu tenha ligado para você arrependida em um dia de outono te pedindo para me encontrar no pátio da faculdade ou de ter batido na porta da sua casa para te contar que eu tinha tirado carteira de motorista.

 Foram tantos anos de pertencimento a história um do outro. Jamais saberei se em algum momento seu coração me tirou do papel de coadjuvante, mas, o meu sempre teve você como príncipe encantado. Nem sempre o protagonista, mas, sempre aquele que estaria ali, por mim, até o fim. Tive tantos amores, alguns até namorados, mas, a cada ponto final, a certeza de que a pessoa certa ainda estava esperando por mim.

 Foi com essa certeza de espera que ganhei o mundo sem me despedi de você. Desenhei nosso reencontro várias vezes na minha imaginação, mas, me recusei ver você mesmo com data marcada e lugar agendado. Não me sentia pronta para o momento que mudaria a minha vida. Eu queria que fosse perfeito para você tanto quanto seria para mim, para que nunca mais houvessem desencontros, e outros amores nas nossas vidas. Adiei mais de uma vez. Vim bater as asas e buscar outros sonhos, com a expectativa de que na hora certa a vida te traria de volta para mim. 

 Esta semana eu sonhei com você.

 Há dois meses um buraco se abriu no meu peito e parte da minha história se desmoronou com a sua partida. Entrar em um avião para me despedir de você, o que não fiz quando me mudei há 2 anos, passou a fazer parte da minha obsessão diária. Ainda que eu não consiga compartilhar com você mais o mesmo céu, a necessidade de encerrar este ciclo, me despedir de você, como não fiz, ainda que você tenha pedido, passou a ser essencial para que eu pudesse seguir em frente.

 Me perdoa por dizer mais uma vez “eu não posso”. E por desmarcar, de novo, nosso encontro agendado. Me perdoa? Me perdoa por ter sido covarde e por ter adiado a nossa história tantas vezes. A culpa que carrego só não é maior que a dor de saber que nunca mais vou cruzar com você “sem querer” nos caminhos da minha vida e apreciar a gentileza de menino educado que sempre parava o carro para saber como eu estava e alegrar meu dia. 

 ... 

 Está cada vez mais escuro lá fora. A luz no hemisfério norte não se sustenta depois das 4hs da tarde. Eu poderia levantar e fechar a cortina, mas, a deixo aberta. Olho sobre o ombro e vejo algumas casas com chaminés trimulantes. Deve ser a lareira ligada. Está frio aqui dentro. Fecho os olhos e, ainda cerrando-os, olho de novo pela janela. Uma caminhonete verde musgo acabou de estacionar. Tenho 10 segundos para chegar no portão. Me espera?

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

 

Hoje o dia amanheceu com uma coloração diferente para uma manhã de outono Europeu. Já eram quase oito da manhã quando remexidamente me rendi ao chamar da vida batendo na janela em formas de raios de sol. Meus dias de folga tem sido longos, mas, nem sempre produtivos; haja vista que tenho me entregado mais às desculpas de todo o esforço que faço em dias úteis e me iludo na incerteza de que sou merecedora de dias inúteis. No entanto, a culpa que carrego no final do dia é maior que qualquer alegria que a procrastinação tenha me dado. Não se vem à Europa para dormir, não é mesmo? Ainda que esteja chovendo e a sensação térmica esteja de 10 graus lá fora no auge do verão. Permissão para um parêntese, leitor: (foi com tudo isso que sonhei por anos e achava que este era o cenário perfeito para a inspiração de todos os livros que eu escreveria. Quem não escreveria um livro com o diário no colo, no canto da sala em meia luz, recebendo o calor da lareira e ouvindo a chuva cair lá fora? No meu auge de celebre imaginário iniciei três).

Café sem pressa para despertar a mente, algumas pílulas para melhorar o metabolismo e uma volta de bike, no parque ao lado, para despertar o corpo. O sol era suficientemente raro para me permitir este momento sem blusas de frio. Saí sem expectativas para apreciar um momento único. Faz alguns meses, leitor, que me descobri ciclista. E faço um parêntese sem permissão: (momentos circunstanciais em que me transporto para um cenário hollywoodiano e me permito viver esse glamour que é andar de bicicleta em ruas e parques europeus). O vento no rosto e a sensação de vida vale mais que um parêntese, me cobrem no próximo livro.

Era sol; tinha um parque e uma bike e as pessoas cumpriam a sua rotina apressada em uma manhã de dia útil. Mas a nossa protagonista estava em dia off. Pensamentos em coisas inúteis. Culpa por procrastinações. Foco na serotonina e na produtividade criativa que momentos de vento no rosto proporcionam. A inspiração para uma short story sendo embalada pelo despertar do passaredo. Corta para a parte importante.

Foi em uma das descidas do Phoenix Parque que meus olhos cruzaram com o seu sorriso. Você vinha na contramão da ciclovia alegre com todo o esforço exigido na subida, enquanto eu ainda respirava o alivio de soltar os pedais. Cabelos grisalhos, anos avançados. Roupas de quem tem uma vida ativa, mas, não próprias para o pedal. Bicicleta simples e sem marcha e uma cesta de frutas (ou de flores) na frente. Se a gente tivesse em Hollywood poderia ser um recorte de viagem no tempo ou um desses recursos que filmes motivacionais utilizam para nos fazer pensar. Mas, estamos em Dublin e era apenas uma senhora em sua boa e velha idade, ativamente saudável fazendo seus exercícios matinais.

Continuei meu caminho desconcertada e o flash daquele momento me vinha a mente insistentemente recorrente.

Não preciso de telas de cinema, de diretores de hollywood ou de produções com recortes para fazer as minhas próprias projeções de finais felizes. Para mim não ficaram dúvidas de que me vi na volta da vida. E não é porque estarei pedalando aos 70. Mas, é porque nada faz mais sentido do que a materialização das suas próprias reflexões em um dejavu ao avesso.

A menina que fui tem muito orgulho da mulher que sou e acho que até se surpreende de onde estamos. A mulher que sou percebe quão pequena ainda somos e quão longe ainda podemos ir e a mulher que serei daqui 50 anos estará sorrindo com esforço leve de quem sempre teve o guidão dos sonhos nas mãos e nunca os deixou cair.

Eu só quero ter orgulho da minha história quando os créditos subirem.

 

 Dizem que quando a mulher muda o cabelo é porque ela está pronta para mudar de vida.


Pode ser verdade para a maioria das mulheres, mas, o meu desejo camaleão é apenas a certeza de que cheguei no fundo do poço da autoestima e que o distúrbio de imagem bateu na porta outra vez.





Mexi no meu cabelo a primeira vez eu tinha vinte e alguns anos após um término traumático de relacionamento - Não é todos os dias que o seu príncipe encantado revela que não gosta de princesas - E achei que o loiro me empodeirava para o meu novo eu pós terapia. Fiquei assim por toda a faculdade até ser promovida no trabalho para um cargo de liderança. Virei a “loirinha” do meu chefe e escureci o cabelo pela primeira vez depois de 4 anos. Passei a achar que loiro não combinava com a profissional que eu estava me tornando.

Voltei ao loiro e escureci meu cabelo umas 6 vezes no intervalo de 2 anos, poderia dizer que mudava de acordo com as estações do ano, seria glamoroso dizer que eu acompanhava as tendências - madeixas iluminadas para o verão, vibrantes para a primavera, opacas e escuras para o inverno - mas, mais marcantes que as estações do ano e a oscilação de temperatura do meu cabelo, era a inconstância do meu humor, a profundidade e o descontrole da ansiedade que carregava comigo; acompanhada do troca troca de divã e das doses diárias de benzodiazepina.


Na Europa o autocontrole. Depois de 1 ano e 4 meses, fiquei loira para acompanhar um retrato perfeito de um relacionamento francês. Retrato póstumo que não valeu os euros deixados no salão. Miséria sarcástica de uma taurina má comida (e que vocês possam compreender a literalidade desta declaração).

Chegada a hora do retoque - 8 meses loira - cinco dedos de raiz sem galhos, sem flores e sem frutos. Ideias tolas de quem se esconde atrás de uma identidade visual de superficialidade para disfarçar os nós que há lá dentro. 12€ em um frasco de redenção na Boots e um novo retrato - sem francês - para dizer que sou linda e poderosa outra vez.

P.s.: meu querido, me desculpa descontar em você tudo que não consigo organizar aqui dentro e obrigada por me entender e nunca reclamar e sempre me permitir essa variação de identidade sempre que enlouqueço.

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Já não te sinto mais como antes. Te olhar não é mais tão simples. Seu cheiro já me confunde o olfato e o tato, que antes brincava moleque, agora, sem jeito, se esconde sempre que te quero. Ah e como quero! Te olho branco a minha frente e te rabisco com os primeiros traços que me vem a mente, distorcidamente alheios, e sorrio. Já foi tão fluido ter você, já foi tão simples me debruçar por horas em correntezas de versos soltos que se conectavam com coesões sem paradoxos. Já foi tão simples dedilhar sem me cansar, sem ler a cada segundo a sentença disposta pelo simples fato de você ser meu eu sem revisões. Já formos Fernandos e Cecílias, Alvaros e Willians e agora só somos lacunas em rascunhos apagados, arquivados e não lidos.

Eu só queria brincar com você como outrora. Eu só queria te escorregar como antes, seja na folha da bananeira como analogia a gargalhada infantil que exalo toda vez que a vida me vira do avesso e me esbarro no meu amor eterno, seja na cachoeira que meus olhos derramam todas as vezes que a folha da bananeira tropeça no vão que existe entre o eterno e o finito e me desmancho em realidades de mulher sofridamente empoderada para continuar adiante.

Eu só queria gotejar palavras como a chuva respinga lá fora e te preencher como enxurrada em correnteza com barquinho de papel. Tem que ter largada, e o barquinho navega até a chegada para arrancar sorrisos de quem o vence ou questionamentos de quem o lê. Metáforas nunca foram o meu forte, mas, sempre foram minhas preferidas. Você gostava quando eu me perdia em construções sem bases exatas, mas com pilares que desesperadamente pediam para serem erguidos e contextualizados. Juntos erguemos castelos onde hoje só vejo poeira de entulhos.

Eu não sei mais ser sua como antes e não consigo te fazer ser meu como queria, mas, jamais seria eu mesma se eu não o tivesse em mim: como refúgio, como ombro, como amigo! Eu só queria que soubesse que te busco de volta todos os dias, ainda que não pareça; e que os últimos parágrafos surgiram sublimes numa explosão de efêmero testemunho, num paradoxo suave entre quem fala e quem lê.

domingo, 1 de janeiro de 2017

A dona aranha subiu pela parede, veio a chuva forte e a derrubou...

Estou pensando há uns 3 dias o que escrever aqui. Por onde começar, o que contar e o que omitir.

Eu e esta minha tarefa de escrever textos previsíveis. Ainda mais este aqui: milésima edição de fim de ano.

Está todo mundo fazendo balanço nas redes sociais. Postando fotos da sua melhor retrospectiva, abrindo seu mundo como um livro legível sem mistérios. Quando eu postar este monólogo entre nós, diário, vou ter centena de visualizações, vários comentários - uns tímidos aqui no blogue, outros tantos no facebook e alguns desbocados no whatsapp -  e vai vir aquela dúvida se realmente fiz o meu melhor. Se fui original desta vez, se disse tudo que eu queria dizer nas minhas metáforas inimagináveis e se mascarei algumas verdades com vontade de dizer um pouquinho mais.

Eu gosto disso aqui e gosto de vocês, leitores. E fiquei pensando qual mensagem vocês gostariam de ler aqui desta vez. Parece que 2016 foi um ano tão confuso para tanta gente, né? Pelo menos é o que eu tenho lido por aí. Que 2016 foi um ano astral complicado, cheio de fechamento de ciclos e que 2017 seria ano de recomeços, e sobre o qual estamos depositando todas as nossas expectativas.

Concorda ou sem corda?

Bom, não sei responder em sim ou não, porque esta definição aí é relativa para mim e vou te explicar porque, leitor.

2016 foi um ano incrível. Foi um ano de fechamento de ciclos e de recomeços.

(...)

Acomodamo-nos a viver sobre rotinas vans. Esquecemo-nos, por vezes, dos nossos objetivos e vamos adiando nossos sonhos. Até que algum dia alguém vai lá e nos dá um pontapé e diz: coragem!!!  - Nem que seja a vida, lhe mostrando que aquela zona de conforto só lhe faz ficar inerte à comodidade monótona e sem graça.

Claro que a comodidade traz segurança, mas, você já parou para pensar tudo aquilo que pode estar te esperando se você tiver coragem de chamar a vida para dançar? E daí se a dança começar na chuva? Talvez você precise desta lavada de alma para estar pronto quando o sol chegar.

Ah! Isso é importante! Você precisa estar pronto quando o sol chegar. Porque ele chega. E você, novamente, precisará ter coragem e discernimento para reconhecê-lo.

2016 foi ano de muitas tempestades, mas, em contrapartida, foi o ano que o sol mais brilhou para mim. Foi o ano que a presença de Deus se fez inquestionável e eu resisti, no colo dele, à todas as provações.

E olha, leitor, não foi daquelas chuvas de regar os sonhos para florir ao nascer do sol. Foi daquelas de inundar a alma de fazer transbordar rios de lágrimas. Foi daquelas de vendaval, de derrubar tudo: sorrisos, tranquilidade, bom senso; o telhado e a base do “meu eu”. Foi de dar dó de ver. E foi de doer o coração. Mas, quando passou, leitor. E o embaçar das lágrimas se desfez, foi que eu pude enxergar os detalhes daquele alvoroço. Meus alicerces estavam de pé, e o que caiu foram só os entulhos sobre os quais estava cômodo viver.

Eu podia ter ficado ali recolhendo os entulhos e me reconstruindo sobre os mesmos pedaços, mas, o sol brilhava de mais no horizonte e o convite ao recomeçar falou mais forte que o anseio de permanecer.

E foi assim que tudo se refez, leitor. Entrei no primeiro barco e parti. Com medo, com muito medo, mas, com a certeza gritando no peito que era chegada a hora. A minha hora de ser feliz.

Hoje eu penso que eu devia ter feito isso antes. Mas, com imaturidade talvez eu tivesse pegado o barco errado. Não que a aventura pudesse ter sido ruim, mas, quem sabe demorasse mais para absorver tudo isso. Tudo tem seu tempo e a sua hora, não é, leitor?

Em 2016 eu aprendi o significado de fé: fé é colocar o pé e acreditar que Deus vai colocar o chão. E isso foi o suficiente para dizer que 2016 foi o melhor ano da minha vida!

Se foi bom, ou se foi ruim é só uma questão de ponto de vista! Pense nisso!

Concorda ou sem corda?
Nina

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Venha cá, ainda preciso falar de você!


No último domingo me perdi por um bom tempo ouvindo algumas reflexões do Pe. Fábio de Melo, no Youtube. Eu gosto de me espiritualizar as vezes. E isso é muito importante! Quase nunca tiramos tempo para meditações e reflexões, e isso vai fazendo da gente uma máquina imbuída em rotinas humanas.

Uma das palavras do Pe. Fábio, isto posto, me chamou a atenção e me remeteu a você...

Ele contou a história da Tia Ló, uma senhora que o incentivou a ser padre. Que lhe encorajou a abandonar a casa dos pais e a arriscar-se na vida, uma pessoa que, sabiamente, o Pe Fábio disse: “me expulsou de mim”.

Eu não estarei falando bobagem nos próximos parágrafos, leitor. Mas, vai ficar meloso, então, se não quiser ler “nhenhenhe”, pare por aqui. Eu não vou falar de coisa passageira, e nem é daqueles textos que contam de uma paixão que passou. Será um canto de agradecimento a quem mudou a minha vida e “me expulsou de mim”.

Quem me conhece há vários anos, e mesmo aqueles que me conhecem há pouco, mas, já ouviram as minhas histórias (É, eu falo muito!), sabe que nem sempre fui centrada nas minhas metas. Eu era um pouco confusa e por vezes me perguntava se havia feito a melhor escolha.

Minha primeira opção de faculdade foi jornalismo, porque eu adorava escrever, falar e investigar. Bom, não passei no vestibular. Para não ficar “atrasada” em relação aos meus, decidi fazer Letras por um período – até o próximo vestibular, talvez – para melhorar minha escrita, minha fala e meus idiomas.

O tempo passou e eu me apaixonava por esta coisa de escrever cada vez mais. Amadora que só, mas, quem se importava? Não queria ser professora. Não! Isso de jeito nenhum! (Bobagem né?! Mas não vamos falar de valorização política porque este não é o foco.) Não queria ser professora... a faculdade estava acabando e o Jornalismo não era mais sonho nenhum... era um passado distante e não me fazia mais suspirar.

Aí saí das Letras e fui parar nas Leis. Aquela, indiscutivelmente, era a faculdade para mim. Meu lado encrenqueiro aflorou de uma vez e eu me achava “demais!”.

Entrei na faculdade de Direito por causa do Direito Penal e porque acreditava naquela fantasia da mulher maravilha. Mas, logo no primeiro ano comecei a estagiar no departamento jurídico de uma instituição financeira. Não tinha nada a ver com a minha proposta de curso, mas, era uma boa oportunidade de aprender e de pagar minhas contas.

Os anos se passaram, o estagio acabou, veio a contratação, logo, logo a primeira promoção e com três anos de empresa, a oportunidade de ser gestora do departamento. Era de mais para mim. Eu tinha 24 anos, não havia me formado e tinha uma responsabilidade enorme nas mãos.

Fui levando aos trancos e barrancos por quase um ano. Esforçando-me. Esquecendo-me do horário. Esquecendo-me da faculdade, da família, dos amigos e de mim. Mas, precisava dar conta daquilo ali. A qualquer preço!

Li algumas coisas sobre liderança. Tentava me amoldar na melhor forma. Meus liderados gostavam de mim: eu era uma “chefe” legal! Contudo, me faltava alguma coisa e eu não sabia o que era. Eu entregava meu trabalho em dia, da forma como havia aprendido. Quase nunca tinha erros, porque sempre fui perfeccionista com tudo. Mas, ainda faltava alguma coisa.

É sua última chance de parar, leitor!
(...)

No dia 06 de Agosto de 2015 eu tinha uma viagem de trabalho agendada. Meus diretores haviam me pedido para acompanhar uma plataforma “piloto” que estava sendo testada em uma das instituições do Sistema para trazê-la para a nossa instituição.

Você estava lá, perdido naquele arsenal de barba. Charmoso. Sem tempo. Estressado. Cheio de compromissos e tendo que perder dois dias com uma loirinha do interior.
Ele só tinha 25 anos, leitor. E na posição que estava poderia ser meu chefe. Foram dois dias de trabalho intenso. Muito aprendizado. Toda a minha tagarelice se calou. Eu precisava ouvi-lo falar. Fui me apaixonando por cada número, cada índice, cada relatório e por todas as outras frações de inteligência que me subconsciente foi capturando.

Quando voltei ao trabalho dois dias depois, nada mais era igual em mim. Alguém tinha me tirado da zona de conforto. Me dado uma sacudidela no ombro e me expulsado de mim.

Depois de dois dias de convivência, entendi que o que sobrava em mim era medo e o que faltava em mim era voz.

Não adiantava ser uma líder legal e compreensiva, ser uma funcionaria dedicada, pontual, se eu tinha medo de falar e agir. Em uma posição de liderança, não só o seu liderado deve te ouvir, o seu líder quer te ouvir.

Ele me disse: “Marina, se eles te deram um cargo de liderança eles querem que você lidere. Querem que você inove, que você crie, que você busque coisas novas e que você se expresse. Caso sua opinião seja diferente da opinião do seu líder e você tenha argumentação para defender seu ponto de vista, fale! Seu líder quer te ouvir!”

Não sei se eu o respondi, leitor. Meu coração e minha mente estavam se fazendo de durões para manter a compostura e não deixar vazar aquele sorriso maroto que você sabe qual é; ou aquele suspiro de “Meu Deus! Eu vou ficar aqui para sempre!”.

Ele continuou: “Não é você quem tem que questionar sua idade! Eles não se importaram com isso quando te deram a oportunidade e você, também, não deve se importar se quiser continuar onde está!”.

Ainda bem que existe tecnologia e hoje posso dizer, leitor, que ele é meu amigo no whatsapp (aquela intervenção de “uaaau que bo$t@”, porque sei que não é esse o final que se espera dos romances. Me desculpe, mas vou decepcioná-lo e se você não parou lá em cima, pode parar agora.) Eu só precisava escrever esta história, leitor, porque, sempre quis poder dizer como me sentia a ele. E precisava que ele soubesse que foi um divisor de águas na minha vida.

Depois que o conheci, passei a ter voz. Recebi um, dois, três aumentos. Depois recebi uma proposta de emprego em outra cidade para fazer exatamente aquilo que ele me ensinou a fazer.

Hoje estou vivendo a minha melhor fase. Não só profissional, mas, de amadurecimento pessoal . Eu queria tanto que ele soubesse que só sou tudo isso por ele.

Fui convidada esses dias para ministrar uma palestra. Fiquei pensando se posso citá-lo como citaria Seneca ou Platão. Ainda não terminei minha pauta. Acho que posso encaixá-lo ali em algum lugar.

Fato é que nem sempre ficamos com os amores das nossas vidas. E talvez ele nem seja o amor da minha vida. Mas, é alguém que, indiscutivelmente, precisava ter passado por ela.

(...)
Você foi um instrumento de Deus, para me direcionar o melhor caminho! E nem que eu escrevesse dez páginas ou mil textos, eu conseguiria expressar o quanto eu sou grata a você.

Não tinha te falado da palestra ainda! Demais, não é?!

Obrigada por tudo!
(...)
Decepcionei-me com o Direito Penal (mas isso é assunto para outro texto, leitor), estou extremamente feliz com as minhas escolhas.

Após ser “expulsa de mim”, encontrei um rumo novo na vida e precisava escrever.

Nina


domingo, 13 de novembro de 2016

Minha primeira edição de saudade

Da série: tô pagando as dívidas 

Caro leitor, este interlocutor que vos fala tem tanta coisa a dizer, mas, teme que o dedilhar esperto dos teclados, não acompanhe o pensamento acelerado de quem quer tagarelar pelo ano inteiro.
(...)
Me calei em 2016. Será que alguém sentiu falta da nossa retrospectiva 2015? Nunca vou saber, porque cinco mil visitam e cem comentam lá no face (agora vai lá conferir e faça uma regra de três na minha popularidade). Puta que pariu que cheiro de churrasco!!!!! (precisava fazer esta intervenção; cortou meu raciocínio). Me mudei há duas semanas e ainda não fiz amizade com o vizinho. Realidade que vou ter que mudar bem rápido se não quiser morrer pelo olfato! Pura que pariu de novo!!! Acho que é picanha!

Me desculpe pelas palavras chulas aí em cima, mas, acho que já temos intimidade suficiente para isso. Onde estávamos mesmo? Ah, sim! Retrospectiva 2015...

Dois mil e quinze foi um ano e tanto, só que sabe toda aquela magia, que sempre falo, naquela  noite que é exatamente igual a todas as outras, mas, que tem fogos de artifício e traz um sentimento de final de ciclo e início de tudo novo? Pois é, não teve.

Culpa de um namorado contador que tive. Ele dizia que o mês não se encerrava dia 31, que por volta do dia 05 ainda estava organizando movimentos e contas do mês anterior (que po$$@ é essa? Acabar assim com a minha ilusão de que tudo ia recomeçar?). Aí fiquei esperando dar lá pro dia 05 de Janeiro para escrever para vocês.

Porém, tanta coisa de 2015 se arrastou que achei que ele não terminaria nunca. Não consegui fechar minha contabilidade e fui protelando.

Já é novembro, no entanto, talvez eu deva resenhar um pouco mais sobre 2015:

ü  Doze kg a mais;
ü  TCC;
ü  Doze kg a mais;
ü  Meu vestido de formatura;
ü  Doze kg a mais;
ü  Não teve viagens;
ü  Doze kg a mais;
ü  Mas, teve Frutal;
ü  Doze kg a mais;
ü  Meu baile de formatura;
ü  Doze kg a mais;
ü  Não passei na OAB;
ü  Doze kg a mais;
ü  Relacionamentos ruins;
ü  Doze kg a mais;
ü  Os melhores amigos do mundo;
ü  Doze kg a mais;


Se for fazer o balancete (que diabo é essa língua que estou falando?), acho que não devo fazer amizade com o vizinho para comer picanha (“doze kg a mais” lembra?).

Bom, porque eu não consegui encerrar 2015? Estava tudo tão perfeito. TCC aprovado. Provas finalizando; nenhuma dependência. Aula da saudade. Meu bom emprego. Meu baile de formatura... onde estava o erro?

Fato é, e estou aqui para admitir, que recusei-me a fechar 2015, porque não havia passado na OAB. 

O que adiantava o baile, o diploma e não ser “nada”? Preconceito ridículo, eu sei!! Porque ser bacharel em direito te faz ser grande da mesma forma, e nem todo mundo que tem OAB é alguma coisa. Mas, “aquilo” era importante para mim.

Aceitar o fato de que trabalhei os cinco anos da faculdade e de que deixei o TCC para o ultimo ano, porque havia sido promovida no 8º semestre, não mudava em nada a minha cobrança pessoal sobre o meu fracasso.

Então, eu não podia vir lhe dizer isto, leitor. Desculpe-me.

Eu ia deixar para condensar isto no dia 31 de dezembro 2016, que é quando todas as coisas se consolidam para recomeçar. Mas, vou ter tanta coisa para dizer sobre 2016, que já passou de hora de honrar este debito e vir dizer que eu estava com saudade.

Só para constar: meu 2015 se encerrou em 11 de outubro de 2016, quando olhei meu nome na lista dos aprovados.

(Esta carne cheirando pra caramba!! Tá bom, parei!).
Dica de 2015: não namore contadores. Eles são calculistas e vão bagunçar seu calendário. 

Obs: este ü aí em cima era para ser um marcador, mas, não consegui editar. Não me condenem, sou loira! Se os "meninos" de TI quiserem me ajudar, deixem a solução nos comentários. 

domingo, 16 de outubro de 2016

Sobre você


Há uns meses você vem me pedindo um texto. Que quer que eu lhe diga como me sinto em relação a você com palavras poéticas e com coesões em rimas.

Se expressar não é tão fluido como parece, mas, quando conseguimos decifrar o que nos inspira algumas frases vêm como correnteza.

Seria audácia a minha escrever o ponto final de uma história que está em círculos há tanto tempo? Como sair desta roda gigante que sempre passa pelo mesmo caminho? É emocionante quando ela para lá em cima para nos permitir olhar o mundo com olhos de amante, mas, é aterrorizante quando ela destrava e desce depressa. Eu quero descer!

Na última semana, eu pensei muito em nós dois e em todos estes anos de histórias inacabadas e me questionei porque eu nunca me permiti ser sua. A resposta veio clareando paulatinamente: eu perderia o controle.

Me negar sempre foi a melhor forma de ter domínio de mim. Alguns sentimentos são controláveis, outros são imprevisíveis. Destrancar meu coração para você seria um risco imensurável, porque a tenuidade do ódio e do amor nunca fez tanto sentido.  

Nina