sábado, 12 de maio de 2012

Histórias boas e finais ruins

da série: leiga crítica

Bom, acho que a crítica está vindo um pouco atrasada, mas tá valendo! Há um tempo, vi em cartaz um filme cujo livro inspiração eu queria muito ler, e como tenho tido experiências de que os livros são sempre melhores, me recusei a assistir o filme enquanto eu não tivesse lido o tal livro. Correria da vida, necessidade de ler outras obras primeiro, acabei deixando-o de lado, e postergando a leitura. Uma vez ou outra, o procurei nas bibliotecas que tenho acesso, por não encontrá-lo acabei cedendo ao meu desejo e me dei o livro, com mais outro, de presente de aniversário...

O menino do pijama listrado
de John Boyne

Embasado em histórias da Segunda Guerra Mundial, o autor faz uma abordagem diferente do que se está acostumado a ler sobre este respectivo tema. John Boyne de uma forma inusitada descreve a visão infantil diante da perspetiva nazista e dos horrores da guerra. Escrito em terceira pessoa, a voz do narrador se confunde com a maneira como o jovem Bruno, filho de um comandante do exercito nazista e protagonista da história, interpreta o mundo ao seu redor. A dificuldade em compreender a fonologia do título dado a Hitler e do lugar onde passam a morar, representam essa mistura e confusão utilizada pelo autor para permitir que o leitor compreenda, ainda mais profundamente, a visão da criança. 

Contada sem muitos detalhes, e desvalorizando fatos que em outros livros, com outra abordagem, seriam importantes, a história discorre rápida, fácil de ler e incrível! O jovem Bruno, junto com sua família, por ordem do Führer, são obrigados a se mudar de Berlim para uma outra casa em um país distante.  Longe de casa e dos amigos, Bruno se sente aprisionado e só. Em uma de suas tardes de exploração, porém, conhece aquele que vem a se tornar o melhor amigo de toda a sua viada: Shmuel - um menino judeu que mora do outro lado da cerca, em um campo de concentração, e possui apenas "pijamas listrados" para se vestir.

A amizade se solidificada de forma "aventureira", pois é desconhecida por todos os outros personagens do livro e é embasada pela inocência e pela ignorância das crianças, respectivamente diante dos sentimentos de bondade e do ódio criado pelos alemães em relação aos seus semelhantes. 

- se está gostando do livro e pretende lê-lo, sugiro que pare de ler esta crítica por aqui! -

A história é muito interessante e a abordagem de Boyne me surpreendeu (sugiro que leiam),  porém, o desfecho foi aquém de todas as minhas expectativas  e fiquei com a sensação de que o autor se cansou da história que havia criado e resolveu dar logo um fim aquilo tudo, ou então que foi repreendido pela censura e teve que mascarar aquilo que queria dizer (creio que não, né?! século 21??) - então fico com a primeira hipótese. O final é sem graça e sem emoção; não é exatamente previsível, mas as consequências do desfecho são superficiais e não refletem na estrutura familiar como deveriam refletir (no meu ponto de vista).

"Sem graceza" esta que é completamente posta de lado pelo diretor do filme, que utilizou uma abordagem totalmente diferente. Mark Herman, tirou a visão infantil do filme, porém não o fez hostil e com a mesma ótica dos demais, seguiu, em tese, fielmente a ideia de Boyne mas deu uma melhorada drástica no final - o que eu gostei! Herman atribuiu ao desfecho um suspense que não é perceptível em momento algum do livro e deixa claro para toda a família protagonista o que veio a acontecer com Bruno, e não só para o pai, semanas depois do fato, como ocorre no livro. 

Raridade, mas gostei mais da ótica cinematográfica do que da literária. Não gosto de histórias boas com finais ruins! 

Fica a dica: de leitura e de "filminho" pra esse friozinho bom! Quem quiser ler o livro para depois ver o filme, para poder comparar, eu tenho o livro! Mas, só empresto perante garantia que irei recebê-lo de volta! [risos]

Trailer do filme pra quem ainda não conferiu :

- Marina