sexta-feira, 1 de outubro de 2021
Santiago de Compostela - Caminho e Preparação
domingo, 31 de janeiro de 2021
domingo, 20 de dezembro de 2020
Escrita terapêutica
Quando há dois anos eu decidi deixar um emprego sólido para buscar um sonho, muitos questionaram esta decisão e disseram que eu não podia estar em perfeito juízo. Eu planejava o intercambio há aproximadamente 10 meses, pagava mensalmente as parcelas e comprava coisas pontuais pensando já no frio europeu; me mudei de um apartamento de dois quartos e enormes cômodos para uma kitnet e vendi o carro. 6 meses andando a pé e fazendo do quarda-roupa uma divisão inteligente entre o quarto e a sala. Meu gato se acostumou ao pouco espaço e as telas na janela que coloquei para evitar uma queda-fatal aos poucos foram se tornando minhas próprias amarras e sufoco.
Não consegui cumprir o planejado. Em um golpe de súplica, senti a covardia tomar conta dos meus atos e cegar meus pensamentos. Impulso catastrófico que alguém dá quando se está no fundo do poço.
8 Anos de trabalho árduo em uma única empresa. Empresa que me acolheu menina e que me concedeu tantos frutos. Trono de ferro para quem acabou de sair das fraudas e goles de maturidade sendo enfiados goela a baixo junto com ansiolíticos e remédios para induzir ao sono.
Esses últimos se tornaram meus favoritos. Companheiros de finais de semanas longos que, a solidão, desejam breves. Um sono único era conforto ideal após uma semana inteira de resultados incrivelmente bons, mas, profundamente vazios. Sono profundo e contínuo até a manhã de uma segunda-feira embebida a cafeína, para bater mais metas e metas outra vez.
Semanas de glória em meu trabalho perfeito e finais de semana de sono em meu redento perfeito.
Meses e meses de pequenas automutilações. Até que o reflexo da alma foi visto no espelho. Um lado inteiro imóvel. Uma boca que não mais sorria e um olho que não mais se fechava. Um grito de misericórdia da alma que não mais era respeitada e de um espírito que não mais se reconhecia.
Reforço para a decisão já tomada. Falsa fortaleza não mais necessária. Lágrimas pingadas doídas de uma mulher que não chora.
...
Faz alguns dias que estou prostrada na cama. Presa do outro lado do mundo por um vírus chinês. Ansiando a normalidade da vida para realizar o que me propus e reinventando um novo jeito de me olhar no espelho.
Meu país das maravilhas está lá fora, quando deveria estar aqui dentro. Mas, 6 anos de terapia ainda não me fizeram enxergar o contrário.
Frustração crescente, dor insuportavelmente inexplicável. Inveja delirante de quem por um momento acreditou que tivesse controle sobre a vida. Espera por um milagre divino de quem nega todos dias sua própria responsabilidade.
Angustias me imobilizam feito algemas atadas a cama, e o desejo do meu companheiro em doses homeopáticas só aumentam. Quem dera pudéssemos viver os sonhos ao invés de sonhar e viver...
Controlo o impulso de não me lançar de volta a superfície, já que aprendi que o fundo do poço é confortável demais quando comparado aos leões e hienas que se ouvem lá em cima. Desta vez não há cordas lançadas, nem plano de redenção ou desculpas convincentes. Denta fez só há a certeza de quem tentou e falhou e a sombra do fracasso que me abraça como quem me consola e gargalha transpassando-me a lança no peito.
Marina
Dublin, Ireland.
quarta-feira, 9 de dezembro de 2020
quarta-feira, 9 de setembro de 2020
Hoje o dia amanheceu
com uma coloração diferente para uma manhã de outono Europeu. Já eram quase
oito da manhã quando remexidamente me rendi ao chamar da vida batendo na janela
em formas de raios de sol. Meus dias de folga tem sido longos, mas, nem sempre
produtivos; haja vista que tenho me entregado mais às desculpas de todo o
esforço que faço em dias úteis e me iludo na incerteza de que sou merecedora de
dias inúteis. No entanto, a culpa que carrego no final do dia é maior que
qualquer alegria que a procrastinação tenha me dado. Não se vem à Europa para
dormir, não é mesmo? Ainda que esteja chovendo e a sensação térmica esteja de
10 graus lá fora no auge do verão. Permissão para um parêntese, leitor: (foi
com tudo isso que sonhei por anos e achava que este era o cenário perfeito para
a inspiração de todos os livros que eu escreveria. Quem não escreveria um livro
com o diário no colo, no canto da sala em meia luz, recebendo o calor da
lareira e ouvindo a chuva cair lá fora? No meu auge de celebre imaginário
iniciei três).
Café sem
pressa para despertar a mente, algumas pílulas para melhorar o metabolismo e
uma volta de bike, no parque ao lado, para despertar o corpo. O sol era
suficientemente raro para me permitir este momento sem blusas de frio. Saí sem
expectativas para apreciar um momento único. Faz alguns meses, leitor, que me descobri
ciclista. E faço um parêntese sem permissão: (momentos circunstanciais em que
me transporto para um cenário hollywoodiano e me permito viver esse glamour que
é andar de bicicleta em ruas e parques europeus). O vento no rosto e a sensação
de vida vale mais que um parêntese, me cobrem no próximo livro.
Era sol; tinha
um parque e uma bike e as pessoas cumpriam a sua rotina apressada em uma manhã
de dia útil. Mas a nossa protagonista estava em dia off. Pensamentos em coisas inúteis.
Culpa por procrastinações. Foco na serotonina e na produtividade criativa que
momentos de vento no rosto proporcionam. A inspiração para uma short story
sendo embalada pelo despertar do passaredo. Corta para a parte importante.
Foi em uma das
descidas do Phoenix Parque que meus olhos cruzaram com o seu sorriso. Você
vinha na contramão da ciclovia alegre com todo o esforço exigido na subida,
enquanto eu ainda respirava o alivio de soltar os pedais. Cabelos grisalhos,
anos avançados. Roupas de quem tem uma vida ativa, mas, não próprias para o
pedal. Bicicleta simples e sem marcha e uma cesta de frutas (ou de flores) na
frente. Se a gente tivesse em Hollywood poderia ser um recorte de viagem no tempo
ou um desses recursos que filmes motivacionais utilizam para nos fazer pensar.
Mas, estamos em Dublin e era apenas uma senhora em sua boa e velha idade,
ativamente saudável fazendo seus exercícios matinais.
Continuei meu
caminho desconcertada e o flash daquele momento me vinha a mente insistentemente
recorrente.
Não preciso de
telas de cinema, de diretores de hollywood ou de produções com recortes para
fazer as minhas próprias projeções de finais felizes. Para mim não ficaram
dúvidas de que me vi na volta da vida. E não é porque estarei pedalando aos 70.
Mas, é porque nada faz mais sentido do que a materialização das suas próprias
reflexões em um dejavu ao avesso.
A menina que
fui tem muito orgulho da mulher que sou e acho que até se surpreende de onde
estamos. A mulher que sou percebe quão pequena ainda somos e quão longe ainda
podemos ir e a mulher que serei daqui 50 anos estará sorrindo com esforço leve
de quem sempre teve o guidão dos sonhos nas mãos e nunca os deixou cair.
Eu só quero ter orgulho da minha história quando os créditos subirem.
Pode ser verdade para a maioria das mulheres, mas, o meu desejo camaleão é apenas a certeza de que cheguei no fundo do poço da autoestima e que o distúrbio de imagem bateu na porta outra vez.
Mexi no meu cabelo a primeira vez eu tinha vinte e alguns anos após um término traumático de relacionamento - Não é todos os dias que o seu príncipe encantado revela que não gosta de princesas - E achei que o loiro me empodeirava para o meu novo eu pós terapia. Fiquei assim por toda a faculdade até ser promovida no trabalho para um cargo de liderança. Virei a “loirinha” do meu chefe e escureci o cabelo pela primeira vez depois de 4 anos. Passei a achar que loiro não combinava com a profissional que eu estava me tornando.
Voltei ao loiro e escureci meu cabelo umas 6 vezes no intervalo de 2 anos, poderia dizer que mudava de acordo com as estações do ano, seria glamoroso dizer que eu acompanhava as tendências - madeixas iluminadas para o verão, vibrantes para a primavera, opacas e escuras para o inverno - mas, mais marcantes que as estações do ano e a oscilação de temperatura do meu cabelo, era a inconstância do meu humor, a profundidade e o descontrole da ansiedade que carregava comigo; acompanhada do troca troca de divã e das doses diárias de benzodiazepina.
Na Europa o autocontrole. Depois de 1 ano e 4 meses, fiquei loira para acompanhar um retrato perfeito de um relacionamento francês. Retrato póstumo que não valeu os euros deixados no salão. Miséria sarcástica de uma taurina má comida (e que vocês possam compreender a literalidade desta declaração).
Chegada a hora do retoque - 8 meses loira - cinco dedos de raiz sem galhos, sem flores e sem frutos. Ideias tolas de quem se esconde atrás de uma identidade visual de superficialidade para disfarçar os nós que há lá dentro. 12€ em um frasco de redenção na Boots e um novo retrato - sem francês - para dizer que sou linda e poderosa outra vez.
P.s.: meu querido, me desculpa descontar em você tudo que não consigo organizar aqui dentro e obrigada por me entender e nunca reclamar e sempre me permitir essa variação de identidade sempre que enlouqueço.
quarta-feira, 13 de novembro de 2019
Eu só queria brincar com você como outrora. Eu só queria te escorregar como antes, seja na folha da bananeira como analogia a gargalhada infantil que exalo toda vez que a vida me vira do avesso e me esbarro no meu amor eterno, seja na cachoeira que meus olhos derramam todas as vezes que a folha da bananeira tropeça no vão que existe entre o eterno e o finito e me desmancho em realidades de mulher sofridamente empoderada para continuar adiante.
Eu só queria gotejar palavras como a chuva respinga lá fora e te preencher como enxurrada em correnteza com barquinho de papel. Tem que ter largada, e o barquinho navega até a chegada para arrancar sorrisos de quem o vence ou questionamentos de quem o lê. Metáforas nunca foram o meu forte, mas, sempre foram minhas preferidas. Você gostava quando eu me perdia em construções sem bases exatas, mas com pilares que desesperadamente pediam para serem erguidos e contextualizados. Juntos erguemos castelos onde hoje só vejo poeira de entulhos.
Eu não sei mais ser sua como antes e não consigo te fazer ser meu como queria, mas, jamais seria eu mesma se eu não o tivesse em mim: como refúgio, como ombro, como amigo! Eu só queria que soubesse que te busco de volta todos os dias, ainda que não pareça; e que os últimos parágrafos surgiram sublimes numa explosão de efêmero testemunho, num paradoxo suave entre quem fala e quem lê.
domingo, 1 de janeiro de 2017
A dona aranha subiu pela parede, veio a chuva forte e a derrubou...
terça-feira, 15 de novembro de 2016
Venha cá, ainda preciso falar de você!
Ele contou a história da Tia Ló, uma senhora que o incentivou a ser padre. Que lhe encorajou a abandonar a casa dos pais e a arriscar-se na vida, uma pessoa que, sabiamente, o Pe Fábio disse: “me expulsou de mim”.
domingo, 13 de novembro de 2016
Minha primeira edição de saudade
ü Doze kg a mais;
ü TCC;
ü Doze kg a mais;
ü Meu vestido de formatura;
ü Doze kg a mais;
ü Não teve viagens;
ü Doze kg a mais;
ü Mas, teve Frutal;
ü Doze kg a mais;
ü Meu baile de formatura;
ü Doze kg a mais;
ü Não passei na OAB;
ü Doze kg a mais;
ü Relacionamentos ruins;
ü Doze kg a mais;
ü Os melhores amigos do mundo;
ü Doze kg a mais;
Obs: este ü aí em cima era para ser um marcador, mas, não consegui editar. Não me condenem, sou loira! Se os "meninos" de TI quiserem me ajudar, deixem a solução nos comentários.