quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Fragmento II

' (...) Verdes e nauseados, eles não saberiam exprimir. A casa simbolizava alguma coisa que eles jamais poderiam alcançar, mesmo com toda uma vida  de procura de expressão. Procurar expressão, por uma vida inteira que fosse, seria em si um divertimento, amargo e perplexo, mas divertimento, e seria uma divergência que pouco a pouco os afastaria da perigosa verdade - e os salvaria. Logo eles que, na desesperada aspereza de sobreviver, já tinham inventado para eles mesmos um futuro: ambos iam ser escritores, e com uma determinação tão obstinada como se exprimir a alma a suprimisse enfim. E se não suprimisse, seria um modo de só saber que se mente na solidão do próprio coração. ' 
 (Clarice Lispector - Felicidade Clandestina; conto: A Mensagem  -  p.130)

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