sexta-feira, 24 de junho de 2011

Somos como cascas de ovos




Tenho refletido muito sobre a fragilidade do corpo humano, sobre como somos vulneráveis, frágeis e quebradiços.
Há uma linha que separa o ser e o não ser, o agora e o nunca mais. Somos apenas almas pensantes e sentimentais protegidas por uma casca de ovo. Por que não aço? Ferro ou qualquer metal impenetrável? Viver é um risco!
Tínhamos que nos levantar todos os dias e nos vestir como se fossemos para uma guerra. Colocar armaduras, coletes a prova de balas e capacetes, ao invés de calça jeans, camisetas e bonés.
Há três meses eu conversava com um amigo e me queixava de estar perdendo muito tempo na vida e que queria ter tomado decisões diferentes. Ele riu de mim, disse que era pra eu deixar de ser tão tola e me perguntou se eu achava que ia morrer aos 26 anos.
Menos de uma semana depois meu amigo se foi, aos 20, vítima de um acidente de transito. Meu amigo era forte, devia ter aço nos seus ossos. Ele foi atropelado, não quebrou nada, nenhuma vértebra sequer, mas bateu a cabeça muito forte no chão, feriu seu cérebro, suas idéias, seus pensamentos e seus sonhos... ele não resistiu.
Se eu pudesse dizer alguma coisa a ele, hoje, eu lhe pediria para levar consigo um capacete, e que usasse todos os dias, ainda que fosse ridículo, só pra poder se lembrar de mim, numa prova festiva da nossa amizade. E assim, eu lhe teria hoje comigo...

Eu gostaria de vestir todas as pessoas que amo com armaduras ou então colocá-las em um potinho e deixá-las debaixo do braço, sob a minha proteção. Pena que está tão longe de mim tal poder. Sendo assim, tenho me apegado às orações, uma vez que só Deus poderá estar onde eu não estou e proteger quem eu gostaria de proteger. Protegê-las da maldade do mundo e das pessoas. Protegê-las do acaso e do tempo. Protegê-las dos minutos de bobeira e das distrações diárias. Protegê-las de si mesmos, dos seus pensamentos e das suas ações.

É duro amar as pessoas e ter que perdê-las. Certas coisas tinham que ser pra sempre, é muito triste vê-las partir ...

- Marina 

4 comentários:

  1. Olá, Marina. Parabéns pelo blogue e obrigado por inserir o Liviano entre os seus favoritos - o Sem Roteiro também já está entre os meus.

    Quanto a esta postagem, o tom é triste. As palavras são delicadas, bonitas. E é verdade: somos fracos e vulneráveis.

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  2. Lívio, estou muito feliz com o seu comentário por aqui.. uma honra!

    hehe .. tenho de fato passado por alguns momentos melancólicos..

    abraços

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  3. É mesmo inacreditável como a vida é tão frágil... Acho que você sabe do que eu falo. Momentos em que perdemos quem amamos nos faz pensar sobre isso; sobre tentar proteger todas as outras pessoas que queremos bem e de como devemos aproveitá-las cada vez mais! Mas Deus sabe o que faz; talvez ele estivesse precisando de alguém forte lá em cima assim como precisou do meu pai. Momentos difíceis virão, assim como os bons.
    Parabéns pelo Blog, arrumei mais um pra me ajudar a passar o tempo rs
    Beijo, Marina!

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  4. O comentário que deixei no post "Metalinguagem" era para ter vindo para cá.
    Desculpa-me o transtorno.

    Abraços.

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