quinta-feira, 5 de abril de 2012

 Patos de Minas, 05 de Abril de 2012

Querido amigo,

Muitos dias já se passaram desde o nosso último encontro, e me perco entre tantas coisas eu tenho pra lhe contar. Eu não me mudei para o Rio de Janeiro como você disse que era pra eu fazer; preferi ficar e continuar estudando aqui mesmo. A faculdade de Direito é boa, mas, confesso que tenho ficado decepcionada com algumas coisas. E vira e meche me pego pensando: e se eu tivesse ido?

Comecei a trabalhar também, e isso foi a melhor coisa que me aconteceu neste último ano. Estou trabalhando na "parte jurídica" de uma Cooperativa de Crédito que fica a quatro quarteirões aqui de casa, além de estar aprendendo muito, ainda me pagam bem! Não, não, eu não quis dar aula. Até peguei algumas designações de inglês lá no Tiradentes (acredita?) e fiquei uma semana dando aula para crianças no CCAA, mas, depois surgiu este emprego melhor e eu estou muito feliz!

O namorado ainda não apareceu, não [risos], acho que estou esperando ele cair do céu. Também, nem estou saindo muito, e as festas que ando indo não são do tipo onde se encontra coisa séria. E pra falar a verdade, nem sei se quero coisa séria por agora. Pra variar, eu sou uma das poucas da turminha que está solteira, e sempre sobro nas festinhas [risos]. No aniversário da Amanda, em janeiro, eu lembrei muito de você, senti sua falta lá, sabia que se você estivesse presente provavelmente estaríamos discutindo sobre as coisas intrigantes desta vida. Mas sabe que eu não me desespero?! Sempre lembro daquilo que você me disse; aquilo sobre quando a "minha pessoa" chegar, de que ela vai ser a melhor de todas, pois eu mereço a melhor pessoa do mundo.

...

Sabe amigo, muita coisa nessa vida a gente supera com o tempo. Umas a gente passa por cima, de outras a gente vira a página e muitas a gente apaga com borracha e finge que nem lembra mais. Mas, do mesmo jeito que tem coisa que são efêmeras, tem aquelas que por mais que o tempo passe, corra e voe, jamais sairão de dentro da gente.

Hoje eu não queria conversar com você sobre perda. Queria lhe escrever algo que falasse sobre momentos de alegria, que falasse de todos os momentos que tive você aqui comigo e de como eles foram especiais pra mim. Queria falar da confiança que sentia no seu abraço e da força que tinha a nossa amizade. Queria falar das nossas conversas sem segredo e de todos os sonhos que foram confidenciados. Queria falar da pureza que tinha no seu coração único e de como eu torci para que as coisas dessem certo pra você, como eu sei que você  também queria que dessem pra mim. Só que quando algo é arrancado da gente, seja de forma esperada ou inesperada, não tem como não se falar de perda, não tem como não se falar de dor, não tem como não se falar de saudade.

Quando alguém que a gente ama muito se vai, parece que fica um buraco dentro da gente. Parece que uma parte do coração explode e ele fica oco, e nada do que você faça ou tenta fazer parece funcionar. Não tem como você tapar o que está vazio, nem tentar preenche-lo com outras coisas... É como quando você perde peças do seu quebra cabeças, não adianta você recortar o molde em folha de papel sulfite, nunca vai ser a mesma coisa, não é a peça verdadeira e é a peça verdadeira que deixava tudo perfeito e é ela que vai fazer falta quando você achar que está tudo completo.

...

Amigo, nem acredito que já faz um ano. Sinto muito a sua falta. 



P.S: Queria realmente poder lhe enviar esta carta. Mas vou guardá-la junto com todas aquelas que escrevi e não mandei, naquela caixinha laranja que fica na prateleira mais alta da "biblioteca" do meu quarto. E vou ir acrescentando as novidades pra poder lhe contar e não esquecer de nenhum detalhe quando lhe encontrar de novo. 

Te amo muito, saudades ...

- Marina

Um comentário: