terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Nova Temporada das Flores

"...preparando o campo e a alma pras flores... "


Fim de ano, início de ano é sempre o mesmo ritual: é a loucura das provas finais, é o alívio das férias, é a frustração por ver o ano acabando na dúvida de que talvez você não vá atingir todos os seus objetivos e se tornar exatamente a pessoa que você gostaria de ter se tornado; e sempre tem aquele poderoso sentimento de esperança que chega com os ares do novo ano e nos enche de sonhos e expectativas.

É incrível o poder que o ano novo tem. Logicamente falando, é só um dia depois do outro com uma noite no meio. Mas, lá no fundo, parece que tem um paviozinho que acende e vai tomando conta do corpo, do ambiente, até encher todo o universo de esperança, de sonhos e de fantasias de que o ano que vai nascer será incrível.  

Parece que depositamos, ainda que involuntariamente, todas as nossas frustrações no ano que passou e nos predispomos a ser diferentes, e a fazer tudo diferente, ou algumas coisas diferentes para que tudo seja perfeito.

É mágico o poder do recomeçar e do renascer que o Ano Novo tem.

Se formos fazer a retrospectiva do meu 2011, ele não foi dos piores.

Me formei em Letras logo no início do ano, um curso que me ensinou muito e me tornou uma pessoa mais crítica em relação a vida e mais segura com relação as pessoas. Tecnicamente não engoli um dicionário como me disseram pra fazer um dia, caso eu quisesse continuar com meu sonho tosco de escrever. Mas me tornei amante e eterna companheira das palavras, redescobri um talento guardado e retirei o véu do medo e da insegurança. Sinto um certo orgulho quando as pessoas me chamam de intelectual ou enviam seus textos para que eu dê minha opinião. De certo modo sinto que elas confiam em mim. Um dos dias mais incríveis do meu 2011 foi quando fui devolver alguns livros na biblioteca da faculdade e a bibliotecária chegando meu nome no sistema disse: “Marina Mundim?! É você que tem um blogue legal?!” Fiquei tão abobalhada e tão feliz que nem soube o que responder. Só disse: “eu tenho um blogue,mas não sei se ele é legal.” E ela disse: “ é você sim, adoro seu blogue!” Essas palavras me fizeram perceber que a minha escolha tinha valido a pena e que eu estava no caminho certo.

Depois de formada, resolvi começar a estudar Direito. Um curso que decidi entrar de cabeça. Não foi uma frustração com o curso anterior, como muitos pensam, e nem é mais uma tentativa de “saber o que eu quero da vida!” Foi um curso decidido por vontade e por vocação. Eu amo o que eu faço e acho que quando eu terminar este “cursinho pra concurso” vou ser uma excelente advogada. Ingressando neste novo curso, conheci pessoas incríveis e fiz alguns amigos de infância. Pessoas que se mostraram indispensáveis em muito pouco tempo de convivência e que conquistaram, sem muito esforço, o meu carinho, a minha admiração e a minha amizade.

Por falar em amigos. Fico muito feliz de ter os meus velhos amigos de guerra, entra ano, sai ano, sempre aqui comigo. Quem tem amigos de verdade nesta vida, sabe que não há distância, desavença e tempo que consiga destruir sentimentos. Ainda que esta distância não seja palpável, nem mensurável; ainda que ela seja além da vida.

No meio de coisas novas e de conquistas, meu 2011 também veio carregado de perdas. Perdi um dos meu melhores amigos em um trágico acidente e  perdi um tio pelo qual tinha enorme admiração e carinho.
Em 2011, também tive que aprender a conviver com a perda da sanidade, e com limitações que eu jamais pensei que pudesse ter.  Tive que aprender a andar na corda bamba, de quada-chuva fechado, rezando pra não cair. Tive que reaprender a ter fé e tive que reaprender a acreditar.

Minha vida se tornou um inverno sem flores e eu tive que reaprender a semear. Tive que reaprender a escolher o que plantar e tive que reaprender a esperar a hora certa de colher. Tive que aprender a me dominar, tive que amadurecer. Tive que aprender a enfrentar cada dor, cada medo, cada pânico com a firmeza de um adulto e não com as lágrimas de uma criança. Tive que lembrar a mim mesma que as sombras na parede são só sombras; e que o barulho ensurdecedor da sirene  passando na avenida escura, não significava que eu estava perdendo alguém que eu amo. (Como eu disse eu tive que aprender a lidar com limitações que eu jamais pensei que eu pudesse ter, mas isso é tema para futuras publicações)

Em 2011, eu me rendi ao velho amor de sempre. Amei e fui amada. Fui feliz e triste e feliz e triste até que pus, definitivamente, um fim a esta palhaçada.

Conheci três homens perfeitos. Talvez um mais perfeito que os outros, mas todos perfeitos. Me apaixonei por todos eles [risos], me despi de corpo e alma e tive a certeza de que seria feliz. E fui muito feliz. Realização de sonhos, materialização de fantasias, não importa. Por um dia, um mês ou uma noite. Era eu ali, cálida, em meio a sussurros, resplendor e sorrisos.

Fechando 2011, a minha vida caiu nos eixos. Em outubro, arrumei dois empregos maravilhosos, e acabei me rendendo ao que me proporcionava melhores condições e melhor salário. Depois de ficar com medo de bombar por falta nas aulas de “Cultura e Sociedade” passei em tudo com média superior a 80% . Não estou saindo com ninguém “importante”, mas estou aproveitando bastante a minha carreira solo, e tenho gostado muito das minhas escolhas para participações especiais. De fato, depois de outubro a minha vida caiu nos eixos, não sei se havia previsões astrológicas para isto, mas, sinto como se tivesse encontrado o meu caminho de volta.

Embora, se for analisar os detalhes, 2011 não tenha sido um ano ruim. Eu, sinceramente, o detestei. E estou cheia daquela mágica esperança que me dá o ano novo. Podem pensar: “que egoísta.” Com um ano tão maravilhoso ela está aí reclamado. Mas é como se eu sentisse que dei voltas em torno de mim mesma, que não saí do lugar; é como se eu tivesse “passado um tempo andando no escuro, procurando achar as respostas, e eu era a causa e a saída de tudo”. Mas, de uma forma inexplicável, ou devido a uma força resgatada lá fundo, sinto que agora “eu cavei como um túnel o meu caminho de volta” e estou pronta pro ano que vai começar e para tudo que vier com ele, e vou entrar de cabeça erguida, de mãos postas, de olhos abertos, de ouvido atento e  vestindo (sempre) o meu melhor sorriso.

É como naquela postagem “de volta para a terra do Sol” só que desta vez com mais força e com mais certeza de que tudo vai ser diferente. Afinal, 2012 vai ser o melhor ano da minha vida!!

pra combiar com a inspiração ...


sábado, 17 de dezembro de 2011

Sem inspiração pra escrever ...

 
Eu matava quem inventou esta coisa de inspiração pra escrever. Nada a ver vir coisas a sua cabeça, e frases prontas e textos inteiros sobre coisas que não te interessam mais, só porque é isso que te inspira. Queria escrever sobre política e a crise mundial. Talvez algo sobre esporte e religião. Mas aí eu teria que ter conhecimento, estudar um pouco mais e adquirir fundamentação teórica. Falar sobre aquilo que se sabe é bem mais fácil, é bem mais tranquilo e geralmente fica bem mais coerente. 

Vinícius escolheu o amor, Fernando escolheu o amor, Caio escolheu o amor e Clarice escolheu o amor. Muitos deles contaram vitórias e a compatibilidade dos sentimentos, mas estes textos ou poemas nunca fizeram ou inspiraram histórias e muito menos consolaram pessoas. O que sempre ganhou as páginas dos livros, os suspiros dos apaixonados e o entendimento da maioria dos corações, foram os versos trágicos do amor não correspondido e do sofrimento diante do mundo. O sofrimento, a solidão, a carência e a desilusão diante das coisas, das pessoas e  do mundo, são inspiradoras. Momentos de alegria e contentamento, geralmente são coisas que não dá pra  por no papel; não da pra materializar nas palavras: é transcendente demais. É abstrato demais. 

Me dá vontade de escrever com frequência, e as vezes pode ser que me julguem melancólica e mal amada. É o que penso quando leio meus autores preferidos. Sempre os vejo como pessoas caóticas que não entenderam o funcionamento do mundo; que amaram demais e não foram compreendidos. (Aqui, eu não vou falar de correspondência - porque muitas vezes se ama e é correspondido, mas ainda assim não se é compreendido. - Pra compreender o amor de um poeta, só sendo outro. Ou um louco e insensato). Os poetas sempre esperaram mais do mundo e das pessoas, e estes nunca atenderam suas expectativas. 

Não sou melancólica, muito menos mal amada [risos]. Confio no meu taco; "já amei e fui amada, já fui amada e não amei, e também já amei e não fui 'compreendida' =/ ". Só que falar de noites de festa e de ‘pegação’ não é tão inspirador quanto aquela história de quando você se matou por alguém e fez tudo que podia pra poder dar certo. Já publiquei aqui no blogue fatos reais da minha vida e detalhes do meu relacionamento frustrado. Já escrevi sobre o meu medo do fracasso e não ser ninguém na vida, (já escrevi e não publiquei, sobre a minha psicose e a minha necessidade de um analista). Mas agora minha vida está tão nos eixos que eu não tenho mais inspiração pra escrever. Fiz dos meus textos uma mistura da "Tabacaria", da "Hora da Estrela", do " Soneto da separação"... e me recusei a  encontrar o caminho pra "Pasárgada". 

Com vontade de escrever, e totalmente perdida. Alguém tem alguma dica, ou sugestão pras próximas publicações?!
- considerarei todas e ficarei muito agradecida.