sábado, 5 de setembro de 2015

DE VOLTA À TERRA DO SOL

- volume 2

Nem é 31 de Dezembro e eu tenho tanto a dizer. Acho que já posso olhar pra trás e fazer uma prospecção do futuro. Mas, não o atrás de ontem , ou de 6 meses, mas, sim, o atrás de muitos anos. Somos uma construção crescente  desde que nascemos. Todas as transformações que sofrem nosso corpo, mente e alma ao longo dos anos são pra nos tornar mais fortes. Quando nascemos somos como um ovo semivazio: casca quebradiça e interior molenga e  indefinido. Com o passar dos anos, mesmo que a casca continue quebradiça, desenvolvemos, através das intemperanças da vida, uma consistência voluptuosa, que, ainda que passível de ser partida, é resistente e por que não dizer, inseparável (ainda que não seja).

Ainda que não seja, mas preciso continuar a metáfora. Assim é nosso corpo e espirito: separável quando chegar a hora, mas inseparável enquanto estivermos aqui. Nosso corpo continuará quebradiço, frágil e perecível. Por isso,  é a alma que deve buscar se fortalecer e evoluir em razão do fatos da vida.

Sempre acreditei que estamos aqui por algum proposito. E que todos tem uma missão e estas coisas. Sempre acreditei na evolução da mente e do espírito como algo indivisível. Sempre acreditei que as horas de estudo me levariam além, e sempre soube que minhas horas com as pessoas que eu amo me levariam muito mais. Sempre tive a máxima de fazer com as pessoas a minha volta o que eu gostaria que fizessem comigo; e só me sinto completa quando acho que encontrei o meu caminho.

Eu tinha um diário. Aliás, hoje olhando para a estante vejo 4 diários. Relê-los me faz lembrar todas as metas que tracei e tudo que me conduziu até aqui. Há alguns anos  não tenho mais diário, troquei as canetas com Glitter, por um notebook ilustrado. Reler todos estes posts também me conduz a momentos de glória e fracassos que me trouxeram até aqui. Seria imitação da minha parte, e nem vou pedir licença para parafrasear, pois não sei quem escreveu, mas a verdade é que na vida precisamos passar por todos estes momentos para entendermos aonde chegamos e porque aqui estamos.

Depois de um ano e meio de terapia, hoje eu acordei e vi o Sol. O sol não estava sobre a minha família, nem sobre os meus amigos, nem sobre a minha faculdade ou meu emprego e nem sobre o homem que eu amo. O Sol estava sobre mim. Ele nasceu no meu quarto, quando deveria ter nascido no horizonte. Ele nasceu por de trás dos meus livros, por sobre as minhas fotos, e poderia jurar que ele passou no espaço entre a parede e minha cama pequena. Ele estava ali para mim e ele era meu. Ao sair do meu quarto ele me perseguiu, iluminou meu caminho e me conduziu por onde eu quis. Quem me viu na rua não entendeu o que o Sol fazia ao meu lado, mas eu, depois de tantos anos só sabia olhá-lo e sorrir.

Eu sempre acreditei que seria capaz de conquistar o mundo. Se eu era o Pink ou o Cérebro não importava, mas eu sabia que levantava todos os dias com o mesmo propósito. O tempo passou e as inocências de criança se tornaram urgências de adulto e, então, eu decidi abraçar o mundo. Conquistá-lo ou não, não importava, mas eu o abraçaria com toda a força e dedicação que eu conseguisse até que, exausto, ou ele ou eu, nos renderíamos.

Eu já ia me render, diário. Eu já ia jogar a toalha e dizer que não suportava mais. Mas hoje, quando eu acordei, ele se rendeu a mim.

Não sei o que mudou. Talvez tenha sido o Xadrez de ontem.

Senta aqui, deixa eu te explicar:

Quantas vezes você persegue seus sonhos porque são seus sonhos? Muitas vezes perseguimos coisas porque alguém assim o quer. Seja família, namorado, ou a sociedade alheia, que nada tem a ver com você, mas você acha que deve prestar contas a ela. Você já quis fazer um curso que não tem vaga no mercado de trabalho, ou melhor, ninguém sabe o que é no mercado de trabalho, só porque é a sua cara? Você já quis comprar uma Kombi e fazer todo o litoral só pra ser feliz? Você já quis comprar uma passagem só de ida pra um lugar que você não fala a língua só pra ver o que é que dá? Não? Haha Eu já! Mas aí você percebe que precisa ser um réptil adaptável. Aí você escolhe carreiras e traça objetivos.

No meio desses objetivos, você vê barreiras, furacões, tsunamis, tempestades e terremotos; e você pensa em parar inúmeras vezes, você quer desistir, porque você tem certeza que sua vida chegou em um apocalipse sem volta.

Mas, aí, de repente, você percebe que tudo não passa de drama e que a vida é exatamente isso e que é por isso que alguma coisa faz sentido. Como eu conquistaria algo que já é meu por direito? Aquilo que é seu você vai lá e se apossa, sem esforço; conquistar é um verbo que exige um pouco mais que isso.

Então, pra me encontrar e conquistar o mundo, diário, eu resolvi jogar Xadrez; uma peça de cada vez, uma estratégia de cada vez, uma prova de cada vez, até que, enfim:  Xeque mate! De todas as profissões do mundo, o jogo de inteligências que a minha exige é a mais fascinante. E ontem  me lembrei porque eu a escolhi.


Não vou mais me delongar nas metáforas, querido diário, mas, acontece que estou muito feliz. Acho que conquistei o que queria e já posso traçar o meu próximo passo. Antes, porém, 3 coisas: TCC em 1 mês, faculdade em 3 e 2ª fase da OAB em 4. Me espera, mundo? Te amo! 


Patos de Minas, 04 de Setembro de 2015

- Marina 

domingo, 16 de agosto de 2015

E aí a princesa estraga tudo depois do felizes para sempre!

Talvez esta seja, hoje, a melhor forma de começar o nosso conto de fadas. Mas, vou nos permitir um tempo e esperar um pouco mais... quem sabe eu encontre uma citação do Fernando Pessoa ou algo assim?!

Te amo!

domingo, 3 de maio de 2015

Quando calo as palavras nas pontas dos dedos, você se pergunta se, também, as calei na alma?

sábado, 14 de março de 2015

Da série: texto que eu gostaria de ter escrito

Ah, Ziraldo, eu te entendo!
 Daria o "braço" para ter escrito isso...

"Às vezes me flagro imaginando um homem hipotético que descreva assim a mulher dos seus sonhos:
“Ela tem que trabalhar e estudar muito, ter uma caixa de e-mails sempre lotada. Os pés devem ter calos e bolhas porque ela anda muito com sapatos de salto, pra lá e pra cá.
Ela deve ser independente e fazer o que ela bem entende com o próprio salário: comprar uma bolsa cara, doar para um projeto social, fazer uma viagem sozinha pelo leste europeu. Precisa dirigir bem e entender de imposto de renda.
Cozinhar? Não precisa! Tem um certo charme em errar até no arroz. Não precisa ser sarada, porque não dá tempo de fazer tudo o que ela faz e malhar.
Mas acima de tudo: ela tem que ser segura de si e não querer depender de mim, nem de ninguém.”
Pois é. Ainda não ouvi esse discurso de nenhum homem. Nem mesmo parte dele. Vai ver que é por isso que estou solteira aqui, na luta.
O fato é que eu venho pensando nisso. Na incrível dissonância entre a criação que nós, meninas e jovens mulheres, recebemos e a expectativa da maioria dos meninos, jovens homens, homens e velhos homens.
O que nossos pais esperam de nós? O que nós esperamos de nós? E o que eles esperam de nós?
Somos a geração que foi criada para ganhar o mundo. Incentivadas a estudar, trabalhar, viajar e, acima de tudo, construir a nossa independência. Os poucos bolos que fiz na vida nunca fizeram os olhos da minha mãe brilhar como as provas com notas 10. Os dias em que me arrumei de forma impecável para sair nunca estamparam no rosto do meu pai um sorriso orgulhoso como o que ele deu quando entrei no mestrado. Quando resolvi fazer um breve curso de noções de gastronomia meus pais acharam bacana. Mas quando resolvi fazer um breve curso de língua e civilização francesa na Sorbonne eles inflaram o peito como pombos.
Não tivemos aula de corte e costura. Não aprendemos a rechear um lagarto. Não nos chamaram pra trocar fralda de um priminho. Não nos explicaram a diferença entre alvejante e água sanitária. Exatamente como aconteceu com os meninos da nossa geração.
Mas nos ensinaram esportes. Nos fizeram aprender inglês. Aprender a dirigir. Aprender a construir um bom currículo. A trabalhar sem medo e a investir nosso dinheiro. Exatamente como aconteceu com os meninos da nossa geração.
Mas, escuta, alguém lembrou de avisar os tais meninos que nós seríamos assim? Que nós disputaríamos as vagas de emprego com eles? Que nós iríamos querer jantar fora, ao invés de preparar o jantar? Que nós iríamos gostar de cerveja, whisky, futebol e UFC? Que a gente não ia ter saco pra ficar dando muita satisfação? Que nós seríamos criadas para encontrar a felicidade na liberdade e o pavor na submissão?
Aí, a gente, com nossa camisa social que amassou no fim do dia, nossa bolsa pesada, celular apitando os 26 novos e-mails, amigas nos esperando para jantar, carro sem lavar, 4 reuniões marcadas para amanhã, se pergunta “que raio de cara vai me querer?”.
“Talvez se eu fosse mais delicada… Não falasse palavrão. Não tivesse subordinados. Não dirigisse sozinha à noite sem medo. Talvez se eu aparentasse fragilidade. Talvez se dissesse que não me importo em lavar cuecas. Talvez…”
Mas não. Essas não somos nós. Nós queremos um companheiro, lado a lado, de igual pra igual. Muitas de nós sonham com filhos. Mas não só com eles. Nós queremos fazer um risoto. Mas vamos querer morrer se ganharmos um liquidificador de aniversário. Nós queremos contar como foi nosso dia. Mas não vamos admitir que alguém questione nossa rotina.
O fato é: quem foi educado para nos querer? Quem é seguro o bastante para amar uma mulher que voa? Quem está disposto a nos fazer querer pousar ao seu lado no fim do dia? Quem entende que deitar no seu peito é nossa forma de pedir colo? E que às vezes nós vamos precisar do seu colo e às vezes só vamos querer companhia pra um vinho? Que somos a geração da parceria e não da dependência?
E não estou aqui, num discurso inflamado, culpando os homens. Não. A culpa não é exatamente deles. É da sociedade como um todo. Da criação equivocada. Da imagem que ainda é vendida da mulher. Dos pais que criam filhas para o mundo, mas querem noras que vivam em função da família.
No fim das contas a gente não é nada do que o inconsciente coletivo espera de uma mulher. E o melhor: nem queremos ser. Que fique claro, nós não vamos andar para trás. Então vai ser essa mentalidade que vai ter que andar para frente. Nós já nos abrimos pra ganhar o mundo. Agora é o mundo tem que se virar pra ganhar a gente de volta."

Ruth Manus

sábado, 31 de janeiro de 2015

Nietzsche e a importância desapercebida do sofrimento

Viver, sofrer e sobreviver: O que não nos mata, nos fortalece.


Repostado de Obvious ; Publicado em Recortes por Gisele Gonçalves 

“A todos com quem realmente me importo, desejo sofrimento, desolação, doença, maus-tratos, indignidades, o profundo desprezo por si, a tortura da falta de autoconfiança e a desgraça dos derrotados.”. 
Nietzsche

"Para entender o que Nietzsche queria dizer podemos escalar sua montanha preferida nos Alpes Suíços. Ao chegarmos no topo da montanha a vista é maravilhosa, o ar é puro, a nossa sensação é de total bem-estar e ficamos deslumbrados com tanta beleza. A partir daí entendemos porque Nietzsche gostava tanto de montanhas. Era do ápice que contemplava-se a vista mais bonita. Mas para chegar até lá, existem muitos obstáculos ao longo do caminho. Pedras, solos íngremes, é preciso fazer um grande esforço físico para subir e em certos momentos o desgaste é tão grande que dá até vontade de desistir. Nietzsche metaforicamente falava da existência humana como sendo uma caminhada. Ao escalarmos montanhas tínhamos uma clara compreensão do que é a vida.

Nietzsche, não era do tipo que "atira-se do prédio", aceitando a derrota definitiva. Assim como outros pensadores existencialistas, Nietzsche não acreditava na felicidade eterna ou em uma vida sem sofrimento e nem escrevia para tentar amenizar nossas dores. Pelo contrário, acreditava que sem a angústia e a dor não há realizações humanas. Nossa cultura hoje parece nos ensinar a evitar falar de nossas falhas e dores. Em uma era de tecnologia, consumo exacerbado e busca constante por tudo que oferece prazer, por tudo que é fácil, confortável, rápido e que exige menos esforço, o vazio, o sofrimento e a falta de sentido da vida se tornam aspectos difíceis de serem vividos e aceitos. Nossos ombros suportam o mundo, a solidão, a dor e a angústia porque fazem parte da nossa condição enquanto seres humanos. Quando estamos cansados de sofrer, começamos a lutar contra o sofrimento, procurando formas de aliviá-lo, somos obrigados a esforçarmos para achar um caminho melhor, reconhecemos nossas vulnerabilidades, limites e adquirimos autoconhecimento. A angústia passa a ser vista não como algo depressivo e paralisador, mas sim como um impulso para a vida, para a percepção da nossa existência, do nosso despertar, da nossa possibilidade de nascer e renascer. Saímos do comodismo e procuramos outros modos de pensar e agir. Durante todo nosso caminho, passamos pela dor de renunciar algo que gostamos, mas esquecemos que toda perda nos liga a outros ganhos. É esse sofrimento que nos oferece uma oportunidade de mudança, ainda que seja algo doloroso, não há renovação, crescimento e libertação sem dor. Se nós optarmos pelo prazer do crescimento, podemos nos prepararmos para sofrer. Só assim adquirimos autoconhecimento e nos sentimos mais sábios e seguros, não temendo o encontro com nós mesmos e nos preparando para os inúmeros e inevitáveis momentos de solidão que a vida nos reserva.


Em 8 de março de 1884 Nietzsche revela a seu amigo: " (...) tive que buscar dentro de mim coragem, pois de todos os lados só vinha desânimo: a coragem de carregar meu pensamento. " A filosofia de Nietzsche é consequência de sua própria vida. Perdeu o pai aos 5 anos de idade. Contraiu sífilis e muitas outras doenças durante toda sua vida, por isso mudava de cidade regularmente em busca de ar puro e bem-estar. Foi um filósofo só, não foi compreendido pela maioria de seus colegas e suas obras só foram reconhecidas depois de sua morte. Com o tempo Nietzsche teve um colapso nervoso, pensou ser Napoleão, Deus e Buda. Ficou internado em um sanatório e morreu depois de um tempo, aos 56 anos de idade.
Sua vida foi uma luta longa e heroica consigo mesmo. Assim como o filósofo, não basta a nós sofrermos, é necessário aprendermos a reagirmos diante dos nossos sofrimentos. Eles são desagradáveis mas podemos reinterpretá-los de uma maneira mais construtiva, eles podem nos obrigar a superamos e a recomeçarmos de uma maneira diferente, assim levamos a vida de forma mais leve. Como os alpinistas ao subir uma montanha, somos desafiados a superar nossas dificuldades, afinal, todos nós temos fases ruins na vida. Lutemos fortemente e fiquemos prontos para a vida. O essencial é viver."


segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Queria que você voltasse a ser só meu, diário!


Da série: de mim ou pra mim? 

"Ela é solteira. Não sozinha. Ela pinta as unhas de vermelho quando quer. Mas, também, sabe deixar as unhas em cacos quando dá vontade. Esbanja esquisitices ao falar dos seriados prediletos e se cala quando o assunto é sobre o porquê dela não ter namorado.

Ela usa vestido de tricô, daqueles clichês para tomar chá quando o tempo é frio. E bebe cervejas em canecas como homens pré-históricos. Ela ri de palavrões e de piadas de humor negro. Mas, também, se derrete mais do que picolé em frigideira quando recebe um SMS romântico de madrugada. Mas por que não namora?

Ela acorda, escova os dentes de quem já usou aparelho, toma chocolate quente, se arruma e vai trabalhar. Prefere usar preto. Mas desbanca qualquer havaiana bonita quando inova em alguma vestimenta cheia de flores coloridas, sabe? Ela é linda e desconversa. Fala do tempo, do futebol, da novela, da mãe, da crise do Paraguai e do Joseph Gordon-Levitt. Mas por que cê não namora?

Quando o assunto é sexo, ela fala menos do que escuta. Escuta com os ouvidos, com os olhos, com a boca e com os pelos da coxa. Transa menos do que deseja. E sabe esconder alguma aspirante a Sônia Braga dentro daquele decote comportado. Ela curte os Beatles, os Novos Baianos, Caetano e o Cícero. E fala que eu tenho péssimo tom de voz. Lê Caio, Keroauc, Fante e Gabito. Mas diz que, também, gosta das minhas histórias.

É estranha, também. Assumo. Corta o cabelo de acordo com as fases da lua e gosta de comer macarrão com feijão. Gosta de umas bandas que ninguém conhece e chora com as histórias do Nicholas Sparks. Liga o ar condicionado porque gosta de dormir sentindo frio e acaba repousando feito uma esquimó com meias e edredom. Uma linda esquimó, por sinal. Não sabe usar o celular. Costuma atender as ligações somente após a quarta tentativa de chamada. Não, ela não ignora. Ela perde tempo procurando o celular na bolsa, debaixo da cama ou pia na banheiro. Mas, vez em quando, ela sabe ignorar, também. Não sabe dançar. Recusa os convites, mas adora ser convidada. Odeia batom e gosta de brincos de pena.

Mas por que ninguém conseguiu ultrapassar esse muro de Berlim que você ergueu no teu peito? Ela desconversa. Ri de canto de boca e me pergunta se eu fumo tentando desviar o assunto pra longe. Eu insisto. Falo coisas demodês e jogo no ar o fato de que eu a acho perfeita demais para não andar com algum sortudo lado-a-lado. Ela empina o nariz o fino, me lança teus olhos verdes escuro e ajeita-se sobre a mesa. Muda o tom e me fala: “Porque eu não quero”. E eu rio sem graça da minha maldita ideia de achar que todo mundo quer ter alguém para dividir os brownies." 



Pra descontrair!!! hahahahahahahahaha